Hoje sinto-me... Verde Esmeralda!


Às vezes apetece-me tocar-te. Nada de especial, apenas um toque leve no braço, algures entre o pulso e o cotovelo, só para conhecer a sensação… E depois, devagarinho, dar-te um beijo na testa, ali, mesmo no meio… E a seguir, quase sem que te desses conta, tocava-te no outro braço, subindo levemente até quase ao ombro…
Depois pregava-te um beijo na ponta do nariz, só para ver a tua reação… Se não desmaiasses de susto, eu teria um bom indicador… E, caso desmaiasses, também, claro…
É estranho, mas nunca te toquei. Nunca nos tocámos… E não será certamente por falta de vontade… Digo eu…
Houve uma altura em que achei que isso iria acontecer… Pelo menos dois gestos teus deram-me a entender que poderia haver algum tipo de contacto… Ou talvez fossem hesitações, não sei… E um dia colocaste-me uma mão no meu ombro, com ar casual…
E depois tudo acabou… Não percebi porquê… Provavelmente nem haverá motivo. Ou então, e mais uma vez, a minha fantasia delirante criou uma linda história sem pés nem cabeça… Já te disse que sou muito boa a inventar histórias sem pés nem cabeça? Ou, melhor dizendo, com os pés e a cabeça que a minha imaginação inventa, toda contente, com base nas interpretações em roda livre que vou fazendo do que observo em meu redor…
Pois, é isso a cinestesia! Associação entre fenómenos aparentemente desligados, como sentimentos e sensações, cheiros e emoções, comportamentos e observações…
Mas não te preocupes, eu jamais cometeria a leviandade de esboçar um gesto que te deixasse desconfortável! Portanto isso não vai acontecer! O teu segredo está bem guardado, podes ficar tranquilo. Nunca passarei da mera imaginação, afinal as minhas histórias constroem-se-me na cabeça se eu quiser que tenham um final feliz…
Quanto às outras histórias, as que vivi realmente… Nunca foram tão boas como as que vivi mentalmente… Porque às outras eu já conheço o final… E as que invento… Bem, todos os dias engendro um novo final… E esse é sempre feliz!

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