Hoje sinto-me... Verde Alface!

Estamos sempre a ouvir dizer que as crianças são maravilhosas… Parece um lugar-comum, de tanto se ouvir. E quem não tem crianças, possivelmente não se apercebe do quão maravilhoso é lidar com o mundo infantil… Sei disso porque também passei por lá, e confesso que as crianças para mim pouco mais eram do que seres barulhentos, irrequietos e que muito me aborreciam por nunca estarem sossegadas…
Primeiro foi preciso ser tia… É maravilhoso ser tia! Podemos desfrutar da companhia infantil sempre que nos apetece, usufruir das coisas boas que as crianças têm (já passo a explicar esta parte…) e depois, quando estamos cansadas, é muito simples ir fazer a “entrega” à mãe… E voltamos tranquilamente à pacatez da nossa vidinha sem barulho nem perturbações!
Depois rendi-me às evidências: se é bom ser-se tia, muito melhor será ser-se mãe! Porquê? Porque o contacto é muito mais próximo, é uma coisa de pele com pele, de reconhecimento do cheiro da cria (e reconhecimento do cheiro da mãe pela cria! Afinal mãe = leite). É uma relação muito especial, esta entre mãe e cria…
O cordão umbilical nunca é verdadeiramente cortado, mantém-se lá para sempre, num fio invisível que apenas se pressente, mas que nos acompanha para onde quer que vamos… Ficamos para sempre aprisionadas desse amor puro e incondicional, provavelmente o único amor puro e incondicional que teremos na vida… Sim, ser mãe é uma experiência maravilhosa, sem dúvida insuperável …
A não ser que… Se seja avó! Pelo menos é o que me dizem todas as avós que conheço… Ainda não sei, mas já quase acredito…
Tudo isto para dizer o seguinte: quem não tem crianças na sua vida, não sabe o que perde! É demasiado gratificante para poder explicar! Mesmo que tentemos…
Há dias, enquanto esperava numa passadeira que o semáforo para peões mudasse para verde, reparei numa criança que estava do outro lado da estrada, de mão dada com o avô, esperando impacientemente… O avô ia conversando com a criança, um menino que não teria mais de 18 meses… E quando o sinal finalmente mudou para verde, o menino ficou feliz, tão feliz que gritou de alegria, como se a mudança do sinal para verde representasse uma grande vitória na sua curta vida…
Aquela alegria toda comoveu-me quase a ponto de chorar… Como seria bom que todos pudéssemos conservar a alegria da surpresa por nos acontecerem coisas tão boas como… a simples mudança de um semáforo!
A verdade é que tomamos tudo por garantido, achamos que tudo nos é devido, impacientamo-nos por coisa nenhuma, desesperamos por tudo e nada, e vamos perdendo a capacidade inata de nos surpreendermos com o mundo que nos rodeia… Abençoadas crianças, que tanto nos ensinam sobre o simples contentamento de estarmos vivos….

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