Hoje sinto-me... Amarela!

És-me indiferente! O que significa que já não penso em ti, não te concedo sequer um instante de atenção… Não fazes parte da minha vida…
Considero-te um estranho, aliás, pior do que um estranho, porque um estranho poderá ter potencial de entrar na minha vida, e a ti já nem isso sobra…
Sabes como sou quando corto um mal profundamente enraizado… Eu caio de pé quando digo “para sempre” ou “nunca mais”… No fundo é exatamente a mesma coisa… Ou talvez já não saibas… E também já não interessa nada…
As tuas preocupações já não são as minhas preocupações. Os teus desgostos já não são os meus desgostos. Os teus sonhos já não são os meus sonhos.
Deixámos de ser um!
Agora somos dois! Não, na verdade somos três! Um número horrível, se pensarmos em meter a três o que antes foi de dois… Ou talvez não! Talvez seja um número mágico… Afinal três foi a conta que Deus fez…
Mas talvez nunca tenha havido dois… Talvez nunca tenha havido “nós”… Talvez nunca tenha havido “um”, ou “dois em um”… Talvez não tenhas passado da minha imaginação, uma fantasia que tive em que fomos próximos, amigos, cúmplices, companheiros, íntimos, ou… Nada…
Pode ser que uma força universal e poderosa estivesse afinal a interceder por mim no momento em que rasgámos o futuro que tivemos juntos… Talvez tenha sido esse o meu grande momento de sorte…
Talvez eu me tenha preparado a vida toda para esse grande momento em que me vi só… Sem casa… Sem esperança… Sem coração… Sem os meus filhos… Sem nada…
Nessa noite regressei à casa paterna… Entrei pela porta do desânimo, fechei todas as janelas à minha volta, sentei-me na cama e olhei em redor… Estava fechado o círculo da minha dor e eu estava só, de regresso ao passado… Pelo caminho tinha perdido a autoestima, o orgulho, o amor-próprio, a esperança e o futuro… De mim já não sobrava nada… Tu, triunfante, tinhas-me roubado tudo…
E eu estava só… Tão absoluta e completamente desamparada que levei dias e noites a chorar, rezando para que a minha vida terminasse ali… Na verdade a minha vida terminou ali… A minha vida, tal como a conhecia, estava terminada… Tu mataste-me!
E depois, um dia, devagarinho, comecei a abrir os olhos… E o sol sorria para mim… E havia mais vida… E havia mais céu… Uma vida nova, alegre, bem-humorada, sem dramas… Uma vida feliz! Uma vida sem ti!
Se me fazes falta? Não… És-me indiferente!

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