Hoje sinto-me... Laranja!

Não quero perder a capacidade de me surpreender! Adoro saborear o prazer da exploração do desconhecido, da descoberta, de partir à aventura sem saber onde esta irá acabar…
Sim, eu gosto de surpresas! Gosto que me surpreendas! Gosto de me deixar ir, de me deixar conduzir… De me abandonar com confiança na viagem, qualquer que seja, que me leve a bom porto…
Talvez por ter sempre conduzido, talvez por sempre ter decidido, resolvido, tratado, o destino nunca era inteiramente surpreendente… Quando se está sempre no controlo, o resultado acaba por ser pouco menos do que previsível… O que se torna extenuante, diga-se.
Agora apetece-me descontrair, relaxar, delegar, e acreditar que chegarei sempre bem, que será sempre bom o meu destino… Seja ele qual for!
Não é fácil! Não foi um processo fácil chegar aqui… Ainda apresento resistências… Ainda sei que me rebelo, às vezes tenho recaídas de controladora… Evidencio resquícios de quem quer tomar as rédeas da situação…
Afinal habituei-me a tomar conta de mim mesma e dos demais em meu redor! Sempre fui uma pata seguida por patinhos ansiosos que, em fila indiana, esperavam apenas ser conduzidos…
E agora sou eu a patinha, vacilante nos meus passos de seguidora, hesitante e trémula, mas determinada, apesar de tudo, em dar o seu melhor…
E sei que vou dar luta, vou reagir, por vezes mostrar-me-ei do contra… Só para mostrar que estou aqui, que afinal não sou tão passiva como pareço… Também mostrarei sinais de impaciência, inquietação e dúvida, porque é assim que sou… Acredito mas também duvido… Confio mas também temo… Quero mas também fujo…
Sou um poço de contradições… Não é fácil conhecer-me… Não é fácil dar-me a conhecer… Sou incoerente e inconsistente, inconstante quanto baste… Às vezes tenho pressa, outras vezes sou demasiado lenta… Vario de humores como o vento muda de direção… Preciso de calor e de frio… Detesto o que é morno… Sou de tudo ou nada…
Demorei muito a chegar aqui… A reconhecer-me! A identificar-me! A aceitar-me! Mas agora sei quem sou. E quero deixar-me ser… Apenas isso… Ser… E deixar-me ir! Simplesmente!

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