Hoje sinto-me... Azul Céu!


Gosto de meditar… Ajuda-me a acalmar e a dormir melhor…
Gosto de me sentar bem direita, cruzar as pernas, fechar os olhos e concentrar-me na minha respiração profunda, enquanto me sinto relaxar… Ou procuro relaxar, dando ordens aos meus músculos para se aquietarem na sua irrequietude… Tenho de o fazer várias vezes seguidas, já que a tendência é para a contração, mal me distraio… Primeiro os pés… Depois as pernas… A seguir as mãos… Os braços… Vou subindo pelo tronco, até chegar ao pescoço, essa grande fonte de tensão que me ampara a cabeça, essa tonta e leve cabeça sempre tão cheia de sonhos vãos…
Mas após várias insistências, e a par da respiração profunda, começo realmente a sentir-me relaxar… Automaticamente nasce em mim um sorriso, e então sei que estou finalmente a meditar.
Demorei muito tempo a conseguir chegar aqui… E confesso que muitas vezes falho nos meus intentos de meditação… Normalmente quando estou muito cansada, ou tensa, ou preocupada ou, até, feliz! Sim, é estranho, mas todos os estados de alma interferem com a minha capacidade para meditar…
A mente cansada é invadida por pensamentos em catadupa, que se atropelam na ânsia de que eu repare neles, lhes dê atenção… É um dos truques da mente para que não consigamos meditar…
Temos de aprender a ignorar as ideias que nos invadem o cérebro… Aprender a não pensar… Como se isso fosse possível… Não é possível não pensar, mas é possível ignorar os pensamentos que nos invadem… Deixá-los vir, deixá-los ir, sem lhes dar atenção, sem nos fixarmos neles, como se se tratassem de ondas na zona de rebentação… Aí vem uma… Pffff… Outra… Pfff… Depois outra…
Na verdade ajuda muito concentrarmo-nos em algum tipo de ruído, ou imagem mental, que nos pareça relaxante… Imagino que estou na praia, sozinha, com um longo vestido branco que esvoaça ao meu redor… Sinto uma brisa suave e ouço as ondas a desfazerem-se em espuma enquanto desço uma enorme escadaria de pedra, que se vai prolongando até ao mar… Esboço o meu sorriso à medida que vou descendo a longa escadaria, concentrando-me nos sons do mar e da brisa, no cheiro a maresia que me rodeia… Tenho os olhos fechados e no entanto sei perfeitamente onde estou… O que é estranho…
A pessoa que desce a escadaria não corresponde à minha imagem pessoal: ela é alta, loura, de cabelos compridos e lisos… É uma mulher, sei que sou eu e, no entanto, não sou eu… Acho que faço uma dissociação perfeita entre o ‘eu’ que sou, aqui e agora, e o ‘eu’ que é a minha alma, livre, linda e solta… É essa que eu ‘liberto’ no meu exercício de relaxamento… Nem sequer a roupa dela tem a ver comigo: não me identifico com o branco! Mas sei que sou eu a descer a escada… Afinal o que sobra de mim na personagem que observo?
Ela entra pelo mar adentro… Subitamente está meia submersa, e no entanto flutua… Fica deitada de costas, ondulando suavemente… Envolvida num mar de paz… Inundada de tranquilidade… Sempre de olhos fechados, sempre com o sorriso sereno…
É então que abro os olhos… Já relaxada, a mente aquietada, apago a luz e ajeito-me para dormir… Sempre com o meio sorriso formado… É tempo de dormir um sono apaziguador…

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