Hoje sinto-me... Vermelho Sangue!


Apetece-me falar sobre amizade. Ou, melhor dizendo, apetece-me falar sobre o que eu considero ser a amizade…
É que há diferenças! E, como não sei o que os outros definem como amizade, vou definir o meu conceito.
Primeiro gostaria de falar sobre a amizade existente entre mulheres, ou seja, aquilo a que chamo “as minhas amigas”.
As minhas amigas são seres em quem eu confio. O que quer dizer que lhes confio não só o que vai no meu coração e na minha mente, como ainda posso contar com elas para me ajudarem numa situação de aflição ou de partilha de bons momentos…
Como por exemplo acompanharem-me numa ida ao hospital ou a um centro de saúde, perguntarem-se se estou bem (e aguardarem pela resposta), entrarem na minha casa sem cerimónias, e trocarmos lágrimas ou gargalhadas nas mais diversas situações. Acompanharem-me num jantar, numa ida ao cinema ou ao teatro, estarem presentes nos momentos importantes da minha vida, como o nascimento de um filho.
Uma amiga sincera dá-me um beijo no rosto quando me vê triste! E tenta alegrar-me o dia! E pergunta-me se pode fazer algo por mim! E disponibiliza-se para o que for preciso! E telefona-me ou comunica comigo para saber se estou bem, até se certificar de que sim, estou bem…
Na verdade, e não me parece que esteja a exagerar, uma amiga preenche um lugar único, um lugar que é muito especial e que muita alegria e conforto traz à minha vida… Penso que as minhas amigas sentem mais ou menos o mesmo que eu quando digo que o mundo sem amigas seria muito mais desolador e triste… Enquanto o mundo pula e avança, e a nossa vida se torna mais insegura e precária, manter um grupo de amigas com quem possamos partilhar momentos  extraordinários de cumplicidade e camaradagem pode ajudar-nos muito a superar todas as crises.
Adoro e respeito as minhas amigas, reconhecendo embora que somos diferentes e únicas na nossa diversidade, cada uma com as suas inconsistências e fragilidades, idiossincrasias e temperamentos, mas unidas num ponto comum: a nossa amizade. E não me venham dizer mal da solidariedade feminina: ela existe, sim, é real, é verdadeira e é incomparável. Ninguém compreende tão bem uma mulher como outra mulher, por diferentes que sejamos: a comunicação entre mulheres estabelece-se ao nível sentimental, ponto de convergência onde quase todas nos encontramos… É, portanto, uma amizade pouco “cerebral” e muito emotiva… E também intuitiva!
Já a amizade entre um homem e uma mulher tem muito mais que se lhe diga… Passando o cliché de que “uma mulher não pode ser amiga de um homem”, a verdade é que pode! Claro que pode! Se, obviamente, partirmos do pressuposto de que não há nenhum interesse de ordem sexual por trás dessa amizade… O que, convenhamos, é sempre muito difícil de garantir…
Isto porque poderá, de facto, não existir interesse nenhum por parte de “uma das partes”… Mas já da outra parte, poderá ser outra conversa…
Entre um homem e uma mulher há sempre uma certa tensão no ar… Um desejo de flirt ou sedução, o que muito atrai a outra parte! É algo inato em nós, e nem sequer vale a pena tentar combater essa tendência.
É por isso que a amizade entre mulheres é tão mais pura, tão mais real: quando uma mulher beija outra mulher ou lhe dá um abraço apertado, não há qualquer intuito sexual nesse gesto! Já um abraço ou gesto afetuoso entre um homem e uma mulher normalmente envolve outro tipo de sentimentos.
É claro que tenho amigos! Tenho muitos amigos homens! Mas são todos casados! Ou seja, posso confiar neles porque não tenho nenhum tipo de interesse amoroso nesse sentido. E parto do honesto princípio de que eles também não têm qualquer tipo de interesse amoroso por mim! Graças a Deus!
Mas… Ainda assim, pode haver surpresas…
De todas as formas, quando temos amigos “disponíveis”, a amizade está contaminada por sentimentos mais diversos do que simplesmente a amizade pura e dura… E, ao invadirmos um campo mais vasto, o mais provável é acabarmos por condenar tudo, sem sequer soçobrar a esperança da mera amizade… E depois não fica senão a recordação, do que foi e do que poderia ter sido…
Perdoem-me os que ainda acreditam na amizade incondicional entre homens e mulheres! Perdoem-me os que a defendem! Eu própria já a defendi! Eu própria já acreditei! Mas a vida ensinou-me que amizade sincera, pura e incondicional só com pessoas do mesmo sexo! O que, do ponto de vista de evolução da espécie, faz aliás todo o sentido!

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