Hoje sinto-me... Azul-bebé!

Adeus…
Como rezava o fado, “uma palavra tão simples que tanto custa a dizer…”. É possivelmente uma das palavras mais tristes do nosso vasto vocabulário!
Conjuga-se com partida e despedida, com fim… Pode conjugar-se igualmente com “para sempre” nos casos mais dramáticos, e com “até já” nos momentos de intervalo, de curtas pausas, de interrupção mais ou menos forçada.
Mas é sempre triste, sobretudo para aquele que fica, como bem explicava Júlio Dinis. É que aquele que parte vai à descoberta de coisas novas, todo um mundo se abre diante de si, um mundo de perspetivas diferentes e desafiantes, que exigem atenção e dedicação, dois requisitos importantíssimos para distrair a mente da dor da separação…
E quem fica… Fica com as dores, todas juntinhas numa só: a dor da saudade, a dor da perda, a dor da separação, a dor da distância, a dor de ter “ficado”… Ficar representa a passividade de quem não tem outro remédio senão… Aceitar!
Já partir tem uma carga psicológica associada a atividade: “eu vou”, “eu parto”, “eu saio”, é uma “escolha minha”. Quem fica não tem escolha… Ou pensa que não tem, que é pior ainda do que não a ter de facto…
Detesto ter de dizer adeus… É sempre desagradável, quer porque a situação era boa, mas temos de partir, quer porque a situação era má e decidimos partir…
É engraçado porque tive em tempos um namorado que me disse que eu sofria do “complexo do adeus”, o que me deixou profundamente intrigada. E perguntei-lhe o que ele entendia por “complexo do adeus”, ao que ele me explicou algo interessante: 
  • Estás sempre a despedir-te das pessoas, já reparaste? Andas sempre de um lado para o outro, e como sabes que brevemente te irás embora, não te chegas a envolver muito… Por medo! Isso é o que eu chamo de “complexo do adeus”.
Aquilo deixou-me a pensar… Era verdade! Era mais do que verdade! Eu dizia adeus como quem bebe um copo de água! Era eu quem terminava os namoros. Era eu quem punha um fim em tudo. Era eu que mal me envolvia para “não sofrer”… O absurdo era tal que eu sofria para não sofrer… Haverá maior palermice do que isto? Não me parece…
Claro está, o namoro durou pouco… E adivinhem lá quem pôs um fim na questão?...

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