Hoje sinto-me... Verde Água!
Tenho uma certa nostalgia do passado… Às vezes dou por
mim a olhar para as fotografias antigas e a recordar os pequenos momentos que
ficaram registados…
E, mais do que recordar os momentos imortalizados em
imagens, recordo os momentos adjacentes àqueles que ficaram registados…
Refiro-me aos momentos que permanecem gravados na minha memória, com ou sem
imagem associada… Porque as imagens, essas ficarão para sempre comigo,
guardadas num recanto da minha mente, num qualquer esconderijo a que nem sempre
quero aceder, mas que se ativa por ação de algo semelhante ao que já vivi,
ao que já vivemos…
Vejo-me grávida
do Alexandre, com o Miguel ao colo. E observo a alegria que temos na cara, a satisfação
que espelhamos nos nossos sorrisos: eu, protegida pelas hormonas da felicidade
que acompanham a gravidez, o Miguel desfrutando da felicidade de estar com a
mãe e o pai na praia, relaxadamente protegido pelas fortalezas que nós, os
pais, representamos para qualquer bebé…
Vejo-me com 18 anos, um corpo de sereia, sem barriga nem celulite, de cabelo comprido e ar sério, demasiado sério para quem tem a vida pela frente (e um corpo daqueles enfiado num biquíni reduzido, diga-se!)…
Vejo-me com 18 anos, um corpo de sereia, sem barriga nem celulite, de cabelo comprido e ar sério, demasiado sério para quem tem a vida pela frente (e um corpo daqueles enfiado num biquíni reduzido, diga-se!)…
Vejo-me bronzeada, ainda pequena, em Moçambique,
morena como nunca mais fui nem serei, com a pele iluminada e um sorriso que
praticamente me ocupava a cara toda, porque a vida era simples e eu era livre
de problemas e preocupações…
Vejo-me a fazer a primeira comunhão, tinha 8 anos mas
parece que foi ontem… Determinada, anunciei um dia que queria ir à catequese e fazer
a primeira comunhão… Ainda me lembro do olhar de espanto da minha mãe…
Vejo-me com a minha mãe, grávida da minha irmã, e eu
ao lado, preocupada e muito consciente das minhas responsabilidades de futura irmã
mais velha…
Vejo-me em Angola, a lutar com as formigas vermelhas
que teimavam em me morder os pés pequeninos e tenrinhos, com cara de poucos
amigos, enquanto a minha mãe, que sempre teve problemas com os meus caracóis
insolentes, insistia em me pentear com força na vã tentativa de os dominar…
Vejo-me como bebé marota, com andar incerto e mal
seguro, mas arrojada nas minhas intenções de arrancar sorrisos aos rostos dos
adultos que me rodeavam…
Vejo a minha mãe na casa onde nasci, em Ponta Delgada,
numa foto ainda a preto e branco, à varanda…
Tanto tempo decorrido e, no entanto, parece que o
tempo não tem expressão, parece que foi ontem… Foi praticamente ontem… Como
passa depressa o tempo, como deixamos que passe velozmente sem dar importância
aos momentos, aqueles pequenos instantes que fazem toda a diferença nas nossas
vidas…
Como é grande a bagagem que transportamos em forma de
recordações… Com ou sem fotografias, mas pelo menos estas representam uma
evidência de que tudo o que vivemos não foi, afinal, um mero sonho… Foi real…
Embora às vezes não pareça…
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