Hoje sinto-me... Violeta!

Tenho em mim esta fera indomável que tenta saltar sempre que me apanha desprevenida… Ou sempre que não a consigo impedir…
Se é verdade que existe uma fachada amável e simpática, não é menos verdade que o animal em mim deita por terra qualquer tentativa de civilidade… A questão é aquietar o bicho, mantendo-o sob controlo sempre que é necessário…
Mas às vezes não consigo… Ou desisto de o fazer, ainda não percebi bem a diferença… Às vezes o bicho solta-se mesmo, como touro desgovernado, procurando investir onde pode ou onde o deixam…
Foi assim ontem… Aguentei o primeiro impacto… Mantive-me quase firme e hirta, até não poder mais… Não, não é verdade, eu podia mais, mas não deixei, não quis aguentar mais… Soltei a fera! E ela saltou, desembestada como fera que é, agredindo à direita e à esquerda…
Na verdade, a ideia de que possa considerar-se uma pessoa que devotou toda a sua vida a uma carreira, tendo muito justamente alcançado uma plataforma de relativo conforto pessoal, possa agora ser considerada “um estorvo” para a empresa onde trabalha parece atroz, para não dizer pior…
Já não basta a situação a que chegámos no país, que essa, só por si, seria suficiente para soltarmos as nossas feras todas… Ainda têm de nos chamar “estorvos”; esta deverá ser, provavelmente, a nova designação de “Recursos Humanos – Esses estorvos!”…
Saltou-se-me alguma molécula do bom comportamento e compostura, e eis senão quando, aí vou eu… Ou, por outra, aí vai ela, a besta que em mim reside, a tomar boa nota da ocorrência…
Soltou-se-me igualmente a língua… Não a mim, claro, mas à besta… À que mora dentro de mim e acorda de vez em quando do seu estado de hibernação…
E vai daí, incontrolável, sugeri que as empresas tivessem, todas elas, o seu próprio pelotão de fuzilamento! Aí está! Para que as pessoas possam trabalhar diariamente, cheias de boa vontade, até cerca dos… Deixa cá ver o que poderá ser considerado uma idade aceitável… Até por volta dos 45 anos… Sim, supostamente deveria ser esta a idade em que a carreira profissional estivesse mais consolidada, os benefícios e a remuneração mais estabilizados, os vícios mais enraizados… E pronto, aqui está, a tal idade em que já não interessa à empresa manter “estorvos” em movimento! Matem-se os “estorvos”! Fim aos “estorvos” que por aí andam (onde eu faço, claramente, o favor de me incluir!). Afinal, de “estorvo” a mono vai um passo… E o que fazemos aos monos? Vão para abate… 

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