Hoje sinto-me... Verde Alface!

Conhecemo-nos numa praia em Luanda, já faz muito tempo… Sim, bem sei, uma praia não é propriamente o melhor sítio para conhecer pessoas… E daí, porque não? É um sítio como outro qualquer!
Meteste conversa, perguntando-me coisas banais, como por exemplo o que fazia uma “rapariga como eu num sítio como aquele”… Sim, o velhinho cliché ainda pode ser utilizado para meter conversa com algum índice de sucesso…
Lembro-me vagamente de ter sorrido e de ter respondido com a verdade… Estava em Angola para trabalhar. Mas aos fins-de-semana aproveitava para dar um pouco mais de cor à minha vida, que é como quem diz, à minha pele, mudando o tom de branco pálido para um branco com toque mais rosado…
Disseste-me que eras comissário de bordo. Trocámos telefones. Eu estaria de regresso a Lisboa dentro de uma semana, tu dentro de um dia.
Na verdade não esperei que me telefonasses. Mas telefonaste num sábado à noite. Encontrámo-nos numa rave party… A minha primeira (e última, está bom de ver!).
Não posso dizer que me tenhas atraído… Na verdade, nada em ti me poderia atrair, a não ser, provavelmente, a cultura geral que demonstravas possuir… Mas até essa, aliada a uma espécie de arrogância mal disfarçada, me parecia deslocada. Sim, acho que era isso, tudo estava mal colocado, fora do sítio… A começar pela tal da rave, uma coisa barulhenta e horrorosa que impedia qualquer conversação mais ou menos interessante…
Resolvemos ir embora. Pouco depois, num pequeno bar, pudemos enfim entender-nos. Conversar, digo. Falaste-me de ti, das tuas viagens, da tua vida. E eu falei de mim, das minhas viagens, da minha vida. Combinámos ver-nos de novo…
Telefonavas-me de Paris. De Amsterdão. De Madrid. Do Canadá. Dos Estados Unidos. Devo dizer que, ao telefone, eras muito competente. E simpático.
Mas a verdade é que não demonstravas ponta de interesse em ver-me ou estar comigo… Que espécie de amizade poderia ser aquela, se nunca nos encontrávamos???
Depressa comecei a chamar-te o “telefonista”… Depressa me despedi de ti. Na verdade, nem sequer me lembro já do teu nome… Engraçado, não é? Então porque me recordei hoje de ti?
Lembrei-me deste breve episódio da minha vida por ter partilhado uma experiência semelhante com alguém com quem só me encontrava… na Internet!!! Sim, a história existe para nos recordar que os eventos se sucedem de forma cíclica, com ligeiras variantes, mas que na essência podem ser exatamente… Iguais!
E foi assim que eu tive duas “experiências” momentâneas: o meu amigo “telefonista” e o meu amigo “internet boy”!
Mas aquilo que a mim me pareceu estranho (a total ausência de interesse em ver-me ou estar comigo!) poderá parecer apelativo para outra pessoa. Admito isso. Não compreendo, mas admito.
Porque, a meu ver, o que faz uma verdadeira amizade é a descoberta de pontos de interesse e de vista comuns ou absolutamente diversos, mas a descoberta do outro, a partilha de momentos agradáveis na companhia um do outro… Que sentido faz manter uma relação, qualquer tipo de relação, com alguém que nunca se vê? Com quem nunca se está? Com quem nunca se pode contar?
Por mim, adoro poder partilhar um momento especial com alguém! Enviar uma mensagem a dizer algo como “estive aqui e lembrei-me de ti”, ou “aconteceu isto e pensei em ti”… Mas também poder dizer a essa pessoa, cara a cara, que gosto dela. Que aprecio a sua companhia. Que quero estar com ela porque isso me dá prazer. Que quero poder tocá-la no coração, tocá-la na mão e chorar ou rir no seu ombro. É isso a amizade! Pelo menos para mim!
Por isso pergunto-te, diretamente: queres ser meu amigo? Já sabes o que tens de fazer… Tu és especial para mim, e eu tenho de ser especial para ti. Não aceito menos do que isso! Porque eu mereço!

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