Hoje sinto-me... Amarela!

Às vezes dá-me a birra… Dá-me a neura de tal forma que só tenho vontade de aterrar na minha cama e/ou no meu sofá predileto a ler algo gostoso ou a ver séries com muito sangue, crime e mistério… Para me aturdir, para não pensar na vida, para me abstrair totalmente da realidade, para me esconder de um mundo que continua lá fora, mas não cá dentro, não no “meu mundo”…
Quando estou assim, fujam de mim… Eu só não fujo porque não posso, senão… Ahhh, mas fugia a sete pés… Mas eu aviso que me vou “arrastar para o meu buraco”, portanto não tenham medo, eu dou sinal…
São as minhas fases lunares, aquelas em que eu deixo que o monstro que trago comigo se solte e me avassale com os seus medos e tragédias, aquele que me faz interrogar e questionar sobre a essência da alma, o propósito da vida, a razão da minha existência…
Faço balanços, sim, totalmente desequilibrados, mas ainda assim balanços. Desequilibrados porque nesses momentos vejo um enorme negrume diante de mim, impedindo-me de ver o caminho que tenho pela frente.
Desequilibrados porque não me sinto eu, porque me vejo sem asas para voar, sem autoestima, sem amor, sem futuro e com um presente obscuro…
Porque me imagino só, sem amor, sem amigos, sem família, sem presente e com terror do futuro que me parece negro…
Felizmente dura-me um dia! Eu não conseguiria aguentar muito mais… Ao segundo dia já me aparece o sorriso ao canto dos lábios e tudo parece mais cinzento rosado…
Sei que tenho um lado obsessivo e controlador, irritante para os espíritos livres que por aí pululam… E não só esses, claro, dado que chego a irritar-me a mim própria. Por exemplo, sou obsessivamente pontual… O que se torna irritante para todas as partes envolvidas, incluindo eu própria, que acabo por ser a única pessoa pontual e ninguém mais parece preocupar-se com o assunto…
O resultado é que sou sempre a primeira a chegar a qualquer evento, e a seguir insulto-me por esse facto, e prometo e juro que não mais o farei… E voilá, na primeira oportunidade que se me apresente, aí estou eu… à espera…
E não gosto de esperar. Tenho uma natureza impaciente e irrequieta, que detesta esperar seja pelo que for…
Quando tenho uma ideia, uma vontade, tenho de pô-la em prática quase de imediato… Sob pena de me desinteressar… Planos de longo prazo são algo que abomino, quando muito planeio a médio prazo… Se considerarmos que 1 ano é médio prazo, claro!
É por isso que tenho imensa dificuldade em marcar uma simples consulta médica: não tenho paciência para esperar os 4 meses da praxe… Afinal se hoje estou doente, que sentido faz esperar 4 meses? Para dizer o quê ao médico? “Ah, sabe, estou aqui para lhe dizer que há 4 meses estive doente…”
Sim, sou impaciente… E caprichosa! E mimada! E carente! E sensível, muito, muito, muito sensível… E com bom coração, um coração enorme, do tamanho do mundo…
Por isso não te entendo quando dizes que sonhar já não basta… Porque se sonhar não basta, o que haverá para substituir o sonho? O que sobra para além do sonho?
Ah, claro! A realidade… Essa dura e verdadeira realidade, que todos os dias me mostra que a minha cabecinha continua nas nuvens, mas enquanto assim é, eu… Sinto-me feliz! 

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