Hoje sinto-me... Cinzenta!

Esta foi uma semana de desafios! E hoje, que ela chega ao fim, eu sinto-me com a síndrome do “saco vazio”, que é a sensação que nos fica depois de termos dado à luz…
Após 9 intensos meses, em que gerámos, cuidámos, alimentámos e sentimos desenvolver nas nossas entranhas algo que é um produto de nós mesmos com personalidade e vida próprias, fica-nos apenas os despojos de uma barriga que gerou vida e que agora parece jazer, inútil e estéril, dentro de nós…
Sim, é esta a sensação que tenho todas as sextas-feiras, quando me despeço dos meus filhos e os vejo “migrar” para a casa do pai…
A mim resta-me o eco que eles me deixam em casa e no coração, e a necessidade de me ocupar de mim própria, de cuidar de mim mesma com carinho, de me mimar com e como puder.
Mas esta foi sem dúvida uma semana de desafios! O Miguel trouxe para casa o recado de que tinha adormecido nas aulas… A notícia deixou-me de rastos! O meu filho adormeceu e a professora assinalou que “o sono das crianças deve ser respeitado”… Não conheço ninguém que mais respeite o sono das crianças do que eu própria, e por isso fiquei desorientada…
O recado dizia respeito à semana anterior, sobre a qual não exerço qualquer tipo de controlo nem responsabilidade. Mas os filhos são meus, logo como construir esta relação de desapego entre algo que não está bem mas que eu não posso controlar? Fiquei desolada, triste, envergonhada e, sobretudo, preocupada. O que se passa com o meu filho? O meu Miguel sempre foi tão certinho, tão correto, tão cumpridor, tão responsável…
E logo a culpa, a malfadada culpa que sempre me assalta, me viola, me derruba, essa culpa que não é minha, mas que tomo como minha, avassala-me por completo…
Depois surge a capacidade de reação, a razão impõe-se à emoção e tomo as medidas que são necessárias e oportunas… Falei com a diretora de turma, analisámos o comportamento do Miguel, prometemos ficar atentos, observar a evolução… Que mais poderei eu, mãe inquieta e sobressaltada, fazer pelo meu filho? Pelos meus filhos? A não ser amá-los muito, acarinhá-los muito, beijá-los muito e ensinar-lhes muito… Mas a vida, por mais que tentemos ensinar-lhes, insiste em dar-nos lições próprias… Que ninguém poderá viver por ninguém, a não ser por nós mesmos. Resta-me esperar que a vida seja mãe (e não madrasta!) para os meus filhos…

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