Hoje sinto-me Lilás!

15 anos já! Está grande, a minha menina. A nossa menina linda, que já tem namorado e tudo.
Os mesmos 15 anos que também eu já tive, um dia... A idade dos sonhos e da imaginação fértil, em que cremos que tudo é possível e que um dia faremos deste um mundo melhor!
Lembro-me de sonhar com o dia em que faria 16 anos, não sei porquê 16, talvez por ter nascido no dia 16, mas 16 era a minha meta.
As pessoas contam-me que sonhavam com o dia em que teriam 18 anos. Eu sonhava com o dia em que teria 16...
A adolescência, com tudo o que tem de esquisito e complicado nas nossas cabeças. Tudo nos parece longínquo, obscuro, difícil e, por outro lado, tão ao alcance da mão, tão fácil... É também a idade em que nos julgamos imortais, donos do mundo, tudo o que nos apareça com mais de 30 anos está velho e caduco, condenado à senilidade... Tão fora da razão, porque a razão, essa está do lado dos jovens, que são imortais na sua força e pujança de vida...
Foi mais ou menos pelos meus 15 anos que apareceu a SIDA no mundo, e recordo-me de ver uma médica na televisão a falar sobre a sua recente tomada de consciência da fragilidade dos seres humanos, que na adolescência (ou inocência) se consideram imortais... Achei estranho... Lembro-me de ter pensado vagamente "mas afinal nós somos mortais?", e mantive a sensação de estranheza até há pouco tempo atrás, quando saí da minha fase de adolescência (ok, já foi há um pouco mais de tempo do que "o pouco tempo atrás")... Mas foi surpreendente!
E um dia acordei para a realidade, que afinal não consegui mudar o mundo, que afinal o mundo caminha mais ou menos como caminharia se eu não existisse, se eu nunca tivesse existido...
Será verdade? Claro que não! Temos de cumprir a nossa missão, deixar o nosso rasto, a nossa pegada... Eu já deixei a minha, Beatriz, agora é contigo! Para ti, minha querida:

Quero passar e abrir um caminho,
Quero deixar para trás uma estrada,
Um rasto, uma pegada.
Encontrar um sentido na vida,
E não ser nunca, jamais, esquecida.
Construir uma história de amor,
Ser feliz todos os dias,
Amar, cair, levantar,
Sorrir, esquecer, perdoar,
E amar, amar, amar,
Até não poder mais.
Quero ficar depois de morrer!
Isso sim, é viver!