Hoje sinto-me Bege!

Há muito que não escrevo no meu blogue. Ando preguiçosa e a precisar de férias. Esteve muito calor, amoleci, perdi a vontade, preguicei...
Tenho de regressar a mim. Tenho de retomar o bom hábito da escrita, afinal uma das poucas coisas que sei fazer bem, muito bem... Modéstia à parte, claro está.
Nunca mais peguei no meu novo livro... Coitadinho, está adormecido, algures dentro de mim, e tenho de o despertar deste doce torpor em que me apetece mergulhar todos os dias...
Quando o despertador toca, tenho vontade de gritar... Ou talvez não, porque na verdade o que não me apetece mesmo é levantar, e é com dor que o faço, pensando que tenho de trabalhar para ganhar o meu sustento. Graças a Deus que tenho trabalho, e sei que me posso sustentar...
Coitado de quem não pode... Coitada da minha querida tia, que está a viver momentos terríveis com o tratamento de que está a ser vítima por parte do meu tio... Não gosto desta palavra, "vítima", mas não sei por qual a hei-de substituir. Ela é uma vítima, tal como eu fui, tal como tantas, tantas mulheres são às mãos de maridos ingratos e maldosos, que não hesitam em deitar uma vida inteira a perder por um qualquer rabo de saias... Ou sem elas...
Homens que por aí andam à soltam, dêem valor à mulher que sempre esteve ao vosso lado, que possivelmente deu à luz os vossos filhos, que sempre cuidou de vocês denodadamente, como só um coração maternal sabe fazer, sabe Deus a que expensas...
E depois, um dia, porque a Natureza dotou este ser feminino de um coração maior do que todo o seu corpo, e amou todos mais do que a si própria, um qualquer 'ser' masculino acha-se no direito de lhe dizer o que tem na 'alma' (que alma? só tem alma quem tem coração!) e que realmente 'ama' outra... E sim, a 'outra' é que é boa, é linda, é cor-de-rosa com dourado, é 'deslumbrante', por fora e por dentro... E contam tudo, dizem tudo, abrem o seu 'coração' (o tal que não têm!) para a ex, para a despojada, a que fica com uma mão à frente e outra atrás, sem chão, sem tapete, sem nada a que se agarrar a não ser àquelas palavras frias e cortantes: "a outra é melhor, tem tudo de bom", e a nós, "vítimas", resta-nos os destroços do que pensámos que era a nossa vida!
Ilusão, pura ilusão. A nossa vida é então reduzida a três folhas de papel, onde constam os bens que possuímos, que construímos a dois quando pensávamos que tínhamos "uma família", onde eventualmente estão os nossos filhos, aqueles que não têm culpa nenhuma do pai que escolhemos para eles, e ali ficam no papel, imortalizados para sempre, divididos, partidos, destroçados, "vítimas", também eles...
E então é hora de acordar para o que vem pela frente! Começar de novo é tudo o que nos resta, porque o passado passou, e dos fracos não reza a história. Há que ser forte, independente, corajoso, e viver, agarrando cada dia como se fosse o último.
Porque o passado ficou para sempre perdido nas brumas de recordações que não se quer recordar, e o futuro é tão longínquo, tão desconhecido, tão assustadoramente duro que nem queremos pensar nele. Só conta o presente, só conta o dia de hoje, e sobrevivendo ao dia de hoje já se venceu mais uma batalha. Amanhã?... É virtual, tal como o passado que sonhámos ter, tudo é virtual... Vivemos, pois, na realidade virtual.

Comentários

  1. Já pensaste em, depois de alimentares mais um pouco o blog, publicares o que tens escrito?

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  2. Já tinha pensado vagamente... Muito vagamente, aliás. Obrigada pela ideia!

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