Hoje estou... Verde Limão!


Ontem fizeste anos! Já és um rapaz da minha idade… Sorrio sempre perante a lembrança daquela pergunta da Jodi, há muitos anos atrás:
-     Dating older women? Wow… - ela parecia genuinamente escandalizada perante a nossa alucinante diferença de idades: 6 meses…
Na altura eu sorri, mas não achei piada nenhuma… Sei que tu também não ficaste exatamente orgulhoso… Afinal qual é o homem que não gosta de ser o mais velho, mais responsável, “o mais” qualquer coisa indefinível…
Ficámos com essa pedrinha no coração… Uma a mais, a juntar a todas as outras, pedrinhas que eu fui colecionando lentamente para “construir” o meu castelo…
Lembro-me sempre que fazes anos. É algo que não consigo evitar. Talvez por termos terminado sem exatamente terminar, talvez por tanto ter ficado por dizer, tanta coisa que ficou por fazer…
Tu partiste para longe, para demasiado longe para que eu pudesse participar… Foste iniciar uma etapa da tua vida de que eu não fazia parte, nunca faria parte… Foste literalmente procurar altos voos, e eu fiquei, arrasada e a fazer voos rasantes, ao nível do chão, tentando não cair…
Ainda tive coragem para ir ao aeroporto… Queria despedir-me com ar digno! Queria manter a cabeça erguida enquanto o meu coração era lentamente esmagado por uma força tão, mas tão grande que me deixou sufocada durante alguns anos…
Eu sorria e brincava, gracejando com toda a gente, como de costume. Tu permanecias calado, triste, provavelmente um pouco assustado com a mudança que se avizinhava… Abraçámo-nos de fugida, não nos beijámos, já não se justificava, afinal tudo estava terminado entre nós…
Algo em mim morreu para sempre nesse abraço… Quis sair daquele amplexo o mais depressa possível, quis agir com indiferença, quis fugir a sete pés daquele dia… Quando na verdade o que eu queria mesmo era ficar ali para sempre, colada a ti, agarrada como a uma tábua de salvação… E então afastei-me para sempre, e fui eu quem partiu primeiro…
Lembro-me de ter chorado em todo o caminho de regresso a casa… Lembro-me de ter sentido que, uma vez mais, o meu pequeno mundo ruíra… E a mim restava-me a tarefa de juntar os cacos e reconstruir-me de novo… Uma vez mais…
Sentia-me tão despojada de ti que agarrei com unhas e dentes alguém muito diferente… Alguém que me emprestou um ombro e me estendeu a mão, alguém tão especial que me aceitou assim mesmo, oca como declarei estar, vazia de sentimentos, sem nada para partilhar… Claro está que deu asneira… Nem te esquecia nem me dava… Faltava-me fazer o luto de ti…
Algo que só muito tempo mais tarde percebi que tinha sido um erro… Um erro para mim, um erro para ele, afinal a terceira pessoa numa relação que, não o sendo, se perpetuava no tempo…
Um dia voltaste… Encontrámo-nos! Abraçámo-nos…
Não cheguei a perceber o que senti, o que sentiste. Num impulso apressei-me a apresentar-te o novo homem na minha vida… E não, ele também não era o homem da minha vida… Esse nunca conheci… Não foste certamente tu, não foram certamente os outros, não foi certamente nenhum deles… Eu teria sabido reconhecê-lo…

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