Hoje sinto-me Cinzenta!

Tenho uma ambivalência de sentimentos para com o Facebook... Se, por um lado, tenho conseguido reencontrar muita gente que havia perdido ao longo do tempo, das viagens, do mundo (Graças a Deus pelos amigos reencontrados!), por outro lado não me interessa um chavo que a Maria tenha perdido uma vaca e que o João esteja a cultivar tomates...
Diria, até, que, além de não me interessar nada esse tipo de actividades "rurais" (sou uma mulher da cidade, ok?), a mesma me irrita profundamente... Sim, sou exagerada, mas quero lá saber das vacas perdidas, dos morangueiros alagados (ou mortos de sede), dos tomateiros com bicho (perdoem-me a ignorância, mas realmente não sei, nem me interessa em absoluto, saber nada sobre estes temas "mundanos").
O que eu quero saber quando, raramente, diga-se de passagem, penetro no mundo oculto da minha rede de "amigos" é, precisamente, saber como estão os meus "amigos". E isto resume-se exactamente ao seguinte:

• Quero saber se os meus amigos estão bem de saúde;
• Quero saber se estão em Portugal ou, pelo contrário, andam a vaguear pelo mundo. Curiosamente, esta parte tem sido muito complicada - é que ninguém diz onde anda (e depois querem saber onde deixaram a vaca... Dahhhh!), e muito bem, por uma questão de preservação da privacidade a que todos temos direito, mas depois deixam umas mensagens totalmente ambíguas (para não dizer pior), como por exemplo "hoje fiquei sem casa e tive de ir para o hotel", e outras coisas interessantes mas que não permitem compreender absolutamente nada de nada...
• Quero trocar informações interessantes sobre o que têm feito na vida, e não saber que a galinha da vizinha pôs um ovo cor-de-rosa... Por muito que a galinha da vizinha seja melhor do que a minha, eu não quero mesmo saber da galinha, nem da vizinha, nem da galinha, hamster, cavalo ou vaca de ninguém...
• Quero saber se me posso encontrar com os meus "amigos", dado que até somos amigos... Ou talvez não... Não sei, mas tal não tem sido possível... Será culpa minha?
• Quero saber o que fazem os meus amigos, em que trabalham, que hobbies têm, se estão felizes, se casaram, se divorciaram, se tiveram filhos, eu sei lá, tanta coisa a saber sobre os amigos... E o que acontece? Pimba, toma lá um jogo idiota que te vai dizer se a tua personalidade corresponde a uma peúga ou é equivalente a uma camisa de dormir... Que, claro, é informação essencial para a minha felicidade...
• Quero poder comunicar-me com pessoas geograficamente distribuídas pelo mundo, e não receber informações sobre o estado da plantação da Inês...

Mas será pedir muito ter conversas normais, ainda que necessariamente curtas, sobre coisas de interesse para ambos? E será normal ter de entrar à socapa no Facebook, "ignorando subtilmente" todos os malditos convites para os jogos e demais palermices que todos os "amigos" me fazem? Bolas, quero só conversar...
E, alô???  Os meus "amigos" talvez ainda não tenham percebido, mas no fundo, no fundo, são tão "rurais" como eu... Que é como quem diz: "mais valia que se dedicassem à pesca"...