Hoje sinto-me... Cinzenta!

Trabalhei afincadamente e, até arriscaria dizer, entusiasticamente, até ao último dia do meu contrato! Muita gente nem se apercebeu de que eu já não voltaria no dia seguinte... E em nenhum dos outros que se iriam seguir!
O meu sorriso nunca esmoreceu, a minha postura manteve-se inalterável, sei que a qualidade do meu trabalho permaneceu irrepreensível e assim foi até às 19:00 desse dia.
  • Porquê? - Foi a pergunta que muitos me colocaram, alguns nesse mesmo dia (os que sabiam que era o último!).
Fui apanhada - um pouco - desprevenida pela pergunta. Tendemos a não pensar nos nossos comportamentos quando eles formam parte de nós, de tal maneira que se tornam mecânicos e (quase) instintivos. É assim quando não sabemos se trancámos as portas do carro (eu nunca sei!), se desligámos o fogão ou guardámos as chaves de casa no local habitual.

Os psicólogos chamam-lhe ‘inconscientemente competente’ – aquele estádio em que, por exemplo, já não refletimos em que pedal carregamos para engatar uma mudança – sabemos que é assim que tem de se fazer e pronto, faz-se. Sem pensar!
Quando confrontada com a pergunta, simples mas profunda, obriguei-me a refletir! E a vasculhar nos meus sentimentos mais interiores, o que, posso garantir-vos, não era o que mais me apetecia fazer no momento... E a resposta saiu-me quase de imediato, com um sorriso a acompanhar:
  • Sabes, eu é que vou ter de viver comigo mesma até ao final dos meus dias!
Com isto quis apenas justificar a importância que dou à ética (profissional e pessoal – garanto que, sem uma, não há a outra).

E depois lembrei-me de que tive grandes mestres – um deles chegou mesmo a ser meu mentor, e que grande mentor ele foi, apesar de ter sido por pouco tempo (o que realmente demonstra que o tempo é – apenas – uma dimensão a considerar). Quando temos o privilégio de conhecer pessoas que lideram dando o melhor de si mesmas, sentimo-nos na obrigação de tentar fazer também assim, ou o mais aproximadamente possível disso.

Do outro lado do espetro, podemos também observar as nossas chefias e concluir que não é por aí que queremos ir... De forma nenhuma! Também me aconteceu, claro que sim! E isso também é ética!

E se a ética, tal como o orgulho, não nos enche a barriga, é a melhor forma de assegurar o nosso legado: ela funciona como uma espécie de impressão digital, deixa marcas, impressiona, e torna-nos, de alguma forma subtil, inesquecíveis! Não será isso que as empresas procuram nas suas pessoas? Penso que sim!

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