Hoje sinto-me Lilás!

A Beta foi mamã. Agora é a orgulhosa mãe de dois bebés, grandes e reboludos, com umas barrigas redondinhas e cheias de leite.
E eu, que também estou orgulhosa, fico a pensar na diferença que há entre mães... A Beta soube fazer tudo sozinha e na perfeição. Os seus bebés estão cuidados, saudáveis, bem tratados, e aparentemente felizes. Têm tudo para estar felizes!
A Beta cuida deles como uma verdadeira profissional, o que é estranho numa mãe de "primeira viagem". Mas a Beta tornou-o fácil. Estava preparada! Estava pronta!
Não posso evitar compará-la comigo... Tudo parecia tão difícil, tão complicado, tive de me mentalizar que sim, eu seria capaz. Seria capaz de cuidar do meu filho (sim, só tive um de cada vez, não como a Beta, que teve dois gémeos!), seria capaz de amamentá-lo, seria capaz de o defender com as minhas forças, os meus dentes, toda eu, para que ele crescesse são e salvo?
As dúvidas atacaram-me, a ansiedade também, um súbito desejo de perfeição, de acordar a mãe-dragão que jazia adormecida algures dentro de mim, e não falhar, ser a super-mãe, ser a super-mulher, ser a super-super-das-supers...
E o meu bebé ser o melhor do mundo, o mais feliz do mundo, o maior do mundo, o mais inteligente e mais bonito do mundo, nunca nada menos para a super-mulher-super-mãe-super-super-super-das-supers.
Mas a Beta não! A Beta não se preocupou em ser a melhor, em que os seus bebés fossem os melhores, os mais lindos, os mais espertos, os melhores... Ninguém lhe disse que o leite dela era fraco para os seus bebés, "esqueça lá isso, dê-lhe leite artificial"... Ninguém lhe disse que ela era incapaz, insegura, ansiosa, deprimida, ou lá o que era aquilo tudo que eu sentia dentro de mim... Ninguém lhe disse que o mundo exigia que ela fosse insuperável, que devia fazer dieta, que devia fazer exercício, que devia agradar ao marido, que devia sacrificar-se e colocar todos, absolutamente todos à frente das suas próprias necessidades...
A Beta limitou-se a fazer o melhor que sabia: dá-los à luz, tratar deles e dar o melhor de si para eles... Para a Beta, a vida é simples. Ela é simples. Os filhos dela são simples. Ela sabe que eles dependem dela agora, mas em breve serão seres independentes e preparados para uma vida simples como ela.
Nós complicamos muito uma coisa que é simples, que é o milagre da vida, o milagre de dar vida, de criar vida. E enredamo-nos nas nossas complicações mentais, nos nossos problemas existenciais, nas nossas dúvidas e questões...
Para a Beta não há complicações... Ela tem dois bebés e tem de cuidar deles. Só isso... Simples, não é?
A Beta e os seus bebés...

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