Hoje sinto-me azul ganga!

O meu pai é o meu herói. Sempre foi, mas é cada vez mais. É daquelas coisas que só melhoram com o tempo, mais ou menos assim como o vinho do Porto.
O meu pai corre. Corre muito. E, para mim, correr muito é correr mais do que 1 quilómetro por dia.
Mas o meu pai corre mais de 10 quilómetros por dia, todos os dias. Está em forma como poucos jovens, isso apesar dos seus 71 anos, a meio caminho dos 72…
E no domingo, como não podia deixar de ser, o meu pai foi fazer a corrida da ponte 25 de Abril, participando na meia maratona e fazendo tempos invejáveis até para qualquer jovem.
Fui fotografá-lo ao Dafundo. Ele passou por mim a correr, disse adeus para a fotografia e lá continuou alegremente a sua corrida. Gritei-lhe que o ia buscar aos pastéis de Belém e arranquei para lá de carro.
Mas por um daqueles desencontros, ele esperou por mim 10 minutos e decidiu “ir a pé para casa”, o que seria perfeitamente lógico se ele não tivesse acabado de correr 21 quilómetros.
Eu procurei, esperei e desesperei, telefonei, regressei ao Dafundo e desisti de procurar. Calculei que ele tivesse feito exactamente o que fez, esperei que a minha mãe o confirmasse e fui ter com eles. Era dia de festa e íamos almoçar juntos!
Fui encontrá-lo cansado, a olhar tristemente para uma unha do pé que tinha ficado negra com a pressão da corrida. E ralhei com ele, disse-lhe que podia ter esperado um pouco mais por mim, que o ponto de encontro era aquele onde ele devia ter ficado. E acrescentei que eu não voltaria a ir buscá-lo, se era para se armar aquela confusão.
E ele sorriu e disse que não, que esta tinha sido a sua última corrida, que já tinha 71 anos e o corpo dele já não aguentava aquilo.
E eu fiquei ali a olhar para ele, a pensar…
E não, papá, não quero que pares de correr. Se tu corres, o corpo aguenta. Mas se paras, emperras. E tu sabes que te faz bem, que o desporto é o grande escape para a cabeça relaxar e o corpo se manter jovem.
Por isso não pares! Continua a correr, a ser teimoso e a regressar a pé para casa! Tal como te conhecemos. Tal como és!
É assim que nós gostamos, embora pareça que não…

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