Estará a virtualizar o seu sucesso?


 “O sucesso é um mau professor. Seduz pessoas espertas a pensarem que não podem perder.” – Bill Gates
Às vezes fico cansada de tanto pseudossucesso plasmado nas redes sociais. Estou a ser eufemística quando digo “às vezes”. É sempre. Estou realmente saturada de tanta bazófia.
Pessoas com vidas deslumbrantes, gloriosas, que fazem fantásticas viagens, declarações a amores fabulosos, enfim, tudo exageradamente maravilhoso, numa espécie de fenómeno a que chamo “kardashianização” de vidas normais.
Não vejo ninguém dizer que a vida não lhe está a correr bem – porque, admitamos, nem sempre a vida nos corre bem, certo? Ou a falar sobre as dúvidas que tem em relação ao seu futuro (amoroso, profissional, familiar, etc.). Será que estamos a “virtualizar” a nossa existência? A propagandear as nossas vitórias, sejam elas fantasiosas ou não? A alardear uma vida que apenas existe no nosso imaginário? Que espécie de necessidade nos impulsiona a fazê-lo?
“O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar com mais inteligência.” - Henry Ford
O problema de acharmos que fazer declarações públicas ao amor das nossas vidas – quando provavelmente não o fazemos em privado – é precisamente esse: é mais importante, enriquecedor e gratificante - para ambas as partes - fazê-lo em privado. Mas… O resto do mundo não o sabe! Então, vamos apregoá-lo! Vamos gritar aos quatro ventos como amamos os nossos amados! Afinal, eles também vão lê-lo nas redes sociais. Tão romântico, não é? 
Só que não!
Depois penso que, se calhar, sou mesmo só eu quem tem problemas… Há fases e fases e, nesta minha fase, possivelmente prefiro resguardar-me dentro de mim. Afastar-me das histriónicas declarações públicas. Mergulhar nas minhas idiossincrasias, em privado, “de mim para eu”, como diria uma amiga brasileira. E fugir a sete pés das redes sociais, do que me parece falso e aparente.
Gosto da verdade. Da partilha. Do reconhecimento de que, por vezes, as coisas não correm mesmo bem. E é também nesses momentos que nos surgem os verdadeiros amigos, nas suas cores mais genuínas. Os amigos que nos ligam: por telefone, sim. Porque querem ouvir a nossa voz, perceber no nosso timbre se está mesmo tudo bem, glorioso e maravilhoso. Ou não!
Sucesso é isso: poder admitir que se poderia estar bem melhor. Que a vida tem fases. E que ninguém está sempre lá em cima nem sempre lá em baixo.
Insistir em publicar fanfarronices ocas apenas demonstra que, além de branquear a sua vida real, também não se deve possuir grande inteligência emocional. Então, fingir é o melhor remédio!
“O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo.” - Winston Churchill

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