Hoje sinto-me... Amarela!


Férias precisam-se… Sim, com urgência, por favor…
Para onde irei eu este ano? O que farei com as crianças? Ainda não sei! Passeios e muito, muito, muito descanso, há-de ser por aí…
Se é verdade que as férias já não têm aquele sabor a ‘dolce fare niente’ de outros tempos, não é menos verdade que férias são férias. Ou seja, é aquele tempo em que retiro o relógio do pulso, me deixo dormir até tarde, posso fazer a sesta, ler os meus livros, dedicar-me à minha escrita, sem preocupações de horas contadas.
Comer é quando tenho fome, dormir é quando tenho sono! Ninguém para me dizer o que fazer! Ninguém para me impor regras, obrigações, nada!
Mas preciso, preciso, preciso absolutamente de descansar! Ando a dar em doida! Tudo me sensibiliza… Sinto-me excluída de todos os grupos… Esquecem-se de mim… E logo eu, que procuro nunca me esquecer de ninguém… Talvez esta seja mais uma das lições que preciso: aprender a viver com o esquecimento a que sou votada! A verdade é que eu sou sempre “a que sobra” nos números pares…
Por isso me apetece fugir: já que tenho de estar só, que esteja efetivamente só! Sem amigos, sem ninguém, só eu mesma comigo mesma… Sim, não estarei na minha melhor forma, nem sequer gosto de me lamentar, mas é exatamente assim que me sinto: abandonada!
Odeio sentir-me assim… Sinto-me carente… Sinto-me só! Em suma, sinto-me emocionalmente esgotada e fisicamente descuidada! Mas o pior de tudo é sentir que “não pertenço” a nada!
Às vezes penso que nasci para marcar a diferença em alguma coisa, alguma situação ou circunstância! Mas afinal não! Hoje não!
O que sinto agora é que nada em mim fez, faz ou fará qualquer diferença em alguém. As pessoas estão desligadas, desconectadas e fechadas dentro de si… Esquecem-se dos outros! Esquecem-se de mim! Eu sei, isto é o meu umbigo a falar… Mais do que falar, é o meu umbigo a queixar-se, a reclamar atenção…
Sim, eu sei, estou carente… Estou naquela fase em que me apetece rastejar para a minha toca secreta e isolar-me do mundo. Interrogo-me sobre qual o meu papel na sociedade, na humanidade, na vida… Balanços de vida, deixei de os fazer aos 30 anos! Então que raio será isto que sinto agora? Oh, céus, que raio de fase! Que desencanto! Férias, please!
Uma coisa positiva: pelo menos apetece-me escrever, o que não fazia desde maio. Nem que seja para me lamentar; afinal é uma forma de purgar os torpes sentimentos que me engasgam e sufocam, esmagando os restos da pobre autoestima que ainda me resta…
Em mim habita um coração triste e confuso com a espécie humana, e eu debato-me para tentar entendê-la… Para tentar entender-me! Mas agora não… Primeiro as férias!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Hoje sinto-me... Azul!

Hoje sinto-me... Amarela!

Hoje sinto-me Vermelha!