Hoje sinto-me... Verde!


Hoje acordei com dúvidas existenciais… Ou será apenas uma crise de boas-vindas à maioridade? Assim como uma espécie de ritual de passagem, não sei se estás a ver: tornas-te oficial e legalmente adulto, pronto, toma lá uma crise existencial. Ai, não sei, não consigo definir esta ansiedade que de repente tomou conta de mim. Que vida quero? Que planos traçar? Que futuro, senhores, que futuro antevejo ou posso aspirar para mim mesmo? Que apostas fazer? Estarei no curso errado? Serei mais um a desembocar no poço sem fundo dos “que-apenas-sobrevivem-com-quinhentos-euros-mês”? Ficar ou partir? E partir para onde?

Sim, aniversário é época de balanço desde os meus dez anos. “O meu filho é uma alma velha”, segundo diz a minha mãe, que cedo percebeu o quão precoce eu era. “Ele sente muito, sofre muito, é muito profundo”. E eu olhava e escutava e não percebia o mal de sentir muito… Porque sentir muito é viver muito, vivenciar muito, experienciar muito… Não necessariamente sofrer muito. Ou assim achava eu.

Sonhos, anseios, planos, sim, muitos planos de vida. Licenciatura aos 21, Mestrado aos 23. Doutoramento talvez, enfim, a decidir mais tarde. Casamento mais perto dos 30, antes disso há muito a fazer e então sim, estabilizar. Filhos certamente, dois no mínimo. Carreira certa, salário suficiente para uma vida confortável. Não mais do que isso. Aspirações normais, não?

Sentei-me na cama e preparei-me para visualizar coisas positivas no meu futuro. Tudo ajuda quando queremos projetar um bom futuro para nós. Concentrei-me na minha respiração abdominal profunda e iniciei a meditação. De olhos fechados, focado, dei início ao processo de visualização do futuro que pretendo para mim.

Nesse momento o telemóvel tocou. Atendi. Do outro lado a desempoeirada voz da Inês gritou-me aos ouvidos:

- Alô João, parabéns. Então pá, há quanto tempo estás vivo?

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