Hoje sinto-me... Castanha
Olá avô,
Faz hoje um ano que
partiste e eu queria contar-te como estamos por aqui.
A avó continua muito
triste, diz que te vê por todo o lado, chora muito e agora, que estivemos no
Algarve, ela diz que não quer lá voltar, que era um sítio que tu adoravas e que
te sente em todo o lado. Estou preocupado com ela, fala sozinha mas eu sei que
está é a falar contigo. A avó Lúcia diz que ela está deprimida.
O pai está mais ou
menos, fala pouco, enerva-se muito, fuma e bebe demais, o Xande e eu ficamos
preocupados com isso, sobretudo quando ele começa a dizer mal da vida e que é
tudo uma estupidez. Acho que ele sente muito a tua falta, avô. Agora arranjou
uma cadelinha para lhe fazer companhia, chama-se Guga, é uma caniche, sabes
como são os caniches, são aqueles que têm muitos caracóis e são pequeninos e
levezinhos, com olhinhos muito redondos e vivos. A princípio não gostei muito
dela, sabes que eu gosto mesmo é de gatos, de cães sempre tive muito medo, por
isso não lhe ligava nenhuma. Mas agora, avô, já percebi que ela gosta mesmo de
nós, é tão meiguinha, está sempre pronta para ir passear e realmente faz-nos
muita companhia. Até a avó a leva a passear, o pai diz que lhe faz bem ter um
animalzinho para cuidar. Mas o preferido dela é o Xande, quando ela o vê fica
louca, nem sei como ela sobrevive na semana em que vamos para a mãe, coitadinha,
deve sentir-se abandonada. Mas os gatos da mãe também sentem muito a nossa
falta quando nós não estamos e é difícil gerir isto tudo, mas nós conseguimos.
Avô, não estás aqui
mas continuas connosco. Tenho saudades tuas! Muitos beijinhos,
Miguel
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