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A mostrar mensagens de outubro, 2011

Hoje sinto-me... Amarela!

Lembrar-me de ti está no espaço vazio que todos os dias deteto ao fazer a cama, sempre tão perfeita do teu lado… Está nos petiscos que ambos partilhávamos com prazer, e que agora partilho com outras pessoas. E sei que poderás igualmente partilhar momentos com outras pessoas, mas o sabor nunca mais será o mesmo. Eu fazia-o com amor e dedicação, lembras-te? E continuo a fazê-lo, tu é que jamais o provarás de novo… Às vezes penso que me fazes falta nas pequenas coisas domésticas, como pôr a louça na máquina, fazer café para dois… Ler o jornal numa esplanada cheia de sol, passear com as crianças à chuva, sentindo o odor da terra molhada… Mas sei que não sinto a tua falta quando me insultavas por não poderes insultar-te a ti mesmo. Quando gritavas que me ias matar, que me odiavas e crescias para mim, fazendo-me encolher e temer pela minha vida… Quando a tua mão se ergueu para mim, eu senti que o meu mundo perfeito, tal como o conhecera até ali, tinha desmoronado… Nada mais seria como ant

Hoje sinto-me... Cinzenta!

Esta foi uma semana de desafios! E hoje, que ela chega ao fim, eu sinto-me com a síndrome do “saco vazio”, que é a sensação que nos fica depois de termos dado à luz… Após 9 intensos meses, em que gerámos, cuidámos, alimentámos e sentimos desenvolver nas nossas entranhas algo que é um produto de nós mesmos com personalidade e vida próprias, fica-nos apenas os despojos de uma barriga que gerou vida e que agora parece jazer, inútil e estéril, dentro de nós… Sim, é esta a sensação que tenho todas as sextas-feiras, quando me despeço dos meus filhos e os vejo “migrar” para a casa do pai… A mim resta-me o eco que eles me deixam em casa e no coração, e a necessidade de me ocupar de mim própria, de cuidar de mim mesma com carinho, de me mimar com e como puder. Mas esta foi sem dúvida uma semana de desafios! O Miguel trouxe para casa o recado de que tinha adormecido nas aulas… A notícia deixou-me de rastos! O meu filho adormeceu e a professora assinalou que “o sono das crianças deve ser resp

Hoje sinto-me... Laranja!

O meu Alexandre marcou um golo! Estou tão orgulhosa! E ele também, claro. Parece que já percebeu que ser disciplinado compensa. Que o trabalho de equipa é a melhor resposta para alcançar resultados. “Mamã, tens de ficar lá a ver porque eu posso marcar golo e quero que tu vejas!” , foi o que me disse com a determinação que o caracteriza. E eu fiquei, claro! Com o Miguel, a assistir ao treino de aquecimento (em que também marcou golo) e depois ao jogo em si. Apesar do tempo, horrível, tenebroso, da chuva que caía implacavelmente, aqueles meninos portaram-se todos como verdadeiros campeões, com uma garra e determinação que muitas vezes falta aos verdadeiros campeões… Tive o prazer de ouvir os comentários da claque da equipa adversária: “estes miúdos jogam muito melhor do que eu supunha!”… Fiquei tão orgulhosa! A equipa adversária tinha uma claque organizada, bastante barulhenta, mas nem isso desanimou os nossos pequenos campeões, que ganharam por 4 a 2. Derrapavam no chão escorreg

Hoje sinto-me... Rosa choque!

Desculpa! Por favor desculpa-me. Não te quis perturbar, não te quero angustiar, não te vou influenciar... Só te quis conhecer! Acima de tudo, não quero fazer a ninguém o que me fizeram a mim. O que, basicamente, significa que não trairei só porque fui traída! Acredito no karma! Acredito que pagaremos tudo aquilo que fazemos, por isso tento apenas praticar o bem. E, no entanto, algo me arrastou para ti... Senti que não foi só obra minha... Há quem lhes chame forças superiores... Também há quem lhe chame tentação... O que foi, não sei... Mas, se culpada sou, foi de me ter deixado levar sem oferecer resistência... Apenas me deixei escorregar confortavelmente até ti, porque me inspiras segurança... Sabes, apetece-me por vezes ter um ombro amigo para recostar a cabeça cansada. Ter uma mão carinhosa para agarrar no cinema. Poder trocar comentários sobre as coisas mais banais, sobre as coisas mais sérias, sobre o que me ocorrer... Coisas simples, coisas pequenas, coisas serenas e  tranqu

Hoje sinto-me Amarela!

Um salto no escuro Um salto no escuro, Uma pedra, um furo, Um desejo escondido, Uma cova, um abrigo, Nada de nada, Uma vida estouvada! Cair, levantar, Terminar, começar, Perder e ganhar, Dormir e sonhar, Nada de nada, Uma vida passada! Onde vou não te vejo, Loucura, desejo, Querer-te agarrar E ver-te partir, E nada de nada, Uma vida amargada! Uma casa, uma estrada, Um destino, pousada Um planeta ou cometa, Uma estrela caída, E nada de nada, Uma vida sofrida! Tateio, procuro Uma mão no escuro Que me faça sorrir, Que me faça sentir, Mas nada de nada… Uma vida acabada!

Hoje sinto-me Laranja!

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Hoje cruzei-me com um “cãozinho de bolso”, como eu lhes chamo, aquele género de cães com muito pelo e franjinhas, que por vezes têm totós a prender-lhes a franja… Não, este não tinha totós! Não costumo simpatizar muito com “amostras de cães”, na verdade aprecio mais um cão “verdadeiro”, grande, de preferência pastor, com instinto protetor. Como digo muitas vezes, para ter uma amostra de cão, mais vale ter um gato… Que é, efetivamente, o que tenho. Regressando ao cãozinho de bolso, achei-lhe graça porque vinha solto, ao lado do dono, que trazia um outro cão de bolso por uma trela. Mas o nosso franjinhas vinha sem trela, muito garboso e saltitante, com um ar feliz e obediente ao pé do seu dono. Achei-lhe graça! E sorri-lhe! E o cãozinho olhou para mim, e manteve o olhar, e prosseguiu a sua caminhada (e eu também), sempre sustentando o meu olhar. Tenho a certeza de que também me sorriu! E eu sorri-lhe de volta! Não passou de um breve episódio, mas foi um breve episódio que me deixou

Hoje sinto-me Lilás!

A estrela Sou uma estrela Que brilha sozinha Na noite escura! E brilho com tal luz Que o meu brilho seduz Quem me procura… E continuo a brilhar, Como estrela que sou Na noite, sempre só Para tudo iluminar Buscando na noite O amor que perdura… Mas quem me procura Não pretende mais que luz… Não tem brilho nem reluz, Não se quer aproximar, Só me quer admirar A brilhar na noite escura…

Hoje sinto-me... Amarela!

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Gosto de pensar que estou a educar crianças equilibradas e felizes! Sim, gosto muito de pensar assim… Mas confesso que às vezes sou assaltada por pensamentos um pouco menos nobres, aquele tipo de pensamentos em que, nos meus diálogos interiores, me fustigo por estar a falhar como mãe em todas as frentes… Esses não são, obviamente, os meus melhores momentos… Deixo-me ir abaixo, permito-me fraquejar no controlo das minhas emoções, apetece-me chorar baba e ranho, arrepelar os cabelos, gritar como se estivesse possuída por algum demónio estranho e indomável… Este foi um desses fins-de-semana em que me fustiguei intensamente. Sim, pelos meus filhos, sim. Após as birras que o Miguel me fez no sábado, logo ele, que nem sequer é muito disso, tive de lidar no domingo com o comportamento indisciplinado do Alexandre, que acabou por ser expulso do torneio de futsal por agressão a um dos jogadores da equipa adversária… Isso apesar de o outro jogador ser muito maior, muito mais forte e, ao que tu

Hoje sinto-me Castanha!

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Gosto de perfumes sensuais. Orientais, amadeirados, almiscarados, chamem-lhes o que quiserem, eu tendo a gostar… Obviamente desde que não sejam demasiado frutados, demasiado enjoativos, demasiado adocicados, demasiado florais, nem sequer demasiado… Coisa nenhuma! Não suporto nada que seja demasiado… Há alguns anos atrás percebi que as minhas tendências para perfumes não eram exatamente iguais às da minha irmã (que adora florais doces e intensos!) nem às da minha mãe (que adora os frutados doces e intensos!)… E percebi que os nossos gostos diferiam porque invariavelmente os perfumes delas me provocavam dores de cabeça, daquelas aborrecidas e perenes dores de cabeça que não sabemos a que atribuir… Até que um dia, aborrecidinha, entrei numa perfumaria e mantive uma longa conversa com a empregada da loja, que teve a lucidez e o profissionalismo suficientes para me demonstrar o tipo de perfume/água-de-colónia/aroma com o qual eu me identificava. E fiquei maravilhada! Devo dizer que jamai

Hoje sinto-me Cinzenta!

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Sinto falta da emoção de um toque de mão, do arrepio de frio, da emoção da paixão… Sim, confesso que sinto falta. Há pessoas que passam pela vida sem experienciar este tipo de emoções. E tenho pena, tenho mesmo muita pena de todos aqueles que nunca passaram por isso… Noites sem dormir, dias sem comer, porque ela, a energia da paixão, basta para nos alimentar… Quem nunca viveu este estado? Oh, sim, sinto falta disso… Das borboletas na barriga, do friozinho no estômago, e a dúvida, sim, aquela dúvida… Será que… É recíproco? Será?! Pois é, ninguém vive apaixonado a vida toda… Até porque a vida e a paixão são incompatíveis: ninguém aguenta a vida toda sem comer e sem dormir, energizado pela paixão… O que é pena, diga-se, porque em momentos de crise seria mesmo muito, muito útil! Mas não, a paixão é passageira… Ela tende a passar depressa, talvez mais depressa do que seria desejável, e por vezes sem nos deixar nada em troca... São assim as paixões (de verão ou não)! Passageiras! Em a

Hoje sinto-me... Verde!

Ele olhou para ela, e o seu olhar amaciou-se… Ela olhou para ele e sorriu! Como que por magia, o dia melhorou para ambos. Bastou um olhar e um sorriso para aquecer dois corações. Ninguém deu o primeiro passo… Cada um se dedicava a imaginar o que o outro estaria a pensar relativamente a isso… E isso bastava para encher o dia-a-dia! Mas… Bastaria?! Havia algo que enchia o ambiente daquela tensão, aquela mística que se cria quando duas pessoas se sentem próximas ainda que distantes… Há quem lhe chame o “clic”… Há quem lhe chame atração… Há quem lhe chame imaginação… E não havia certezas, oh não, certezas não existem quando duas pessoas se cruzam… Só havia uma imensa riqueza de sentimentos, de emoções que afloravam e logo se sufocavam, a bem do decoro, em prol da preservação de um possível investimento mal sucedido, para evitar maus juízos ou algo que se poderia pensar… Eventuais diálogos, a ocorrer, seriam sempre superficiais, quase fúteis e estéreis, reduzidos a temas de trabalho ou